247 – A Central Única dos Trabalhadores (CUT) bateu duro em Michel Temer, após o emedebista completar, neste sábado (12), dois anos ocupante do Palácio do Planalto.
Segundo boletim de conjuntura do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) de maio deste ano, “não há nenhum indicador econômico que aponte para algo positivo. As baixas taxas inflacionárias, longe de representar o sucesso da política econômica, significam o fracasso da retomada do crescimento”. Os relatos foram publicados no site da CUT.
A taxa de inflação inferior à meta estipulada pelo governo é consequência direta de uma das mais drásticas depressões da história do país, que fez com que o PIB acumulasse uma queda de quase 7% entre 2015 e 2016. Além do pífio crescimento de 1% em 2017, a perspectiva é de que a economia continue estagnada este ano, informou o documento.
De acordo com o presidente da CUT, Vagner Freitas, não adianta o governo e a imprensa tentarem fazer malabarismos com os números para passar uma falsa sensação de melhora da economia se o povo sente no bolso que tudo piorou.
“Para a CUT, os melhores indicadores econômicos são a satisfação e qualidade de vida dos trabalhadores e trabalhadoras. E a realidade é que o nível de satisfação do povo piora a cada semestre, com o aumento crescente do desemprego e queda da renda e consumo das famílias brasileiras, que agora precisam fazer bico para sobreviver”, disse. “Como é possível falar em melhora da economia quando os trabalhadores e trabalhadoras assistem diariamente conquistas sendo roubadas?”, questiona Vagner.
O dirigente afirmou que, “de nada vai adiantar o governo falar que melhorou se o trabalhador não arruma emprego ou quando arruma é de baixa qualidade, informal ou o famoso bico para se virar até o final do mês”.
Vagner lembrou que atualmente, no Brasil, há 13,7 milhões de desempregados, 10,8 milhões de trabalhadores sem carteira assinada e outros 23,1 milhões que trabalham por conta própria e dependem do aquecimento da economia para sobreviver.
Acordos coletivos
O presidente da CUT lamenta a queda no número de convenções coletivas registradas nos primeiros meses deste ano, conforme dados do boletim de maio do Dieese. Segundo ele, essa é outra consequência nefasta da reforma trabalhista que aumentou a informalidade e tirou vários direitos da classe trabalhadora.
Segundo levantamento do Dieese, 2.802 acordos foram registrados no primeiro semestre deste ano – 29% a menos do que no mesmo período de 2017. Entre 2012 e 2017, a média dos instrumentos coletivos de trabalho foi de 3,8 mil.
“A nova lei trabalhista deixou o trabalhador mais ainda na mão do patrão”, diz o dirigente, lembrando que, “nos governos de Lula e Dilma foram gerados 20 milhões de postos de trabalho com carteira assinada sem que para isso fosse necessário mexer na CLT”.
“Nos governos de Lula e Dilma as categorias conseguiam negociar, além da inflação, aumento real de salário. Isso sem falar na política de valorização do salário mínimo, que subiu por 11 anos consecutivos e agora teve essa política interrompida pelo golpista Temer”.
Teto de gastos
O técnico da subseção do Dieese da CUT, Leandro Horie, destaca, ainda, que nem mesmo a PEC 95 (Teto dos Gastos), que congelou os gastos com saúde, educação, benefícios previdenciários e investimentos públicos, conseguiu gerar superávit para o governo.
“A recessão está destruindo as contas públicas porque está destruindo a arrecadação, o que pode colocar em risco a chamada regra de ouro da Constituição, que é um mecanismo de política fiscal para barrar desequilíbrios orçamentários”, alerta.
Prevista na Constituição, esse dispositivo proíbe o governo de se financiar – ou seja, emitir dívidas – para bancar despesas correntes, que é o custeio de manutenção das atividades dos órgãos da administração pública. Quando há déficits sucessivos nas contas do governo federal, o presidente da República e os ministros das áreas econômicas incorrem em crime de responsabilidade fiscal.
Diferente da desculpa que inventaram para dar um golpe de Estado e tirar do governo uma presidenta democraticamente eleita por mais de 54 milhões de votos, o crime de responsabilidade contra o povo brasileiro é o que Temer e seus aliados golpistas estão fazendo, diz o presidente da CUT, Vagner Freitas.
“Tanto é que, para impedir que Temer seja responsabilizado criminalmente, o governo começou a costurar no início deste ano uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para flexibilizar a chamada ‘regra de ouro’”, lembra Vagner.
– Confira a íntegra do boletim de conjuntura do Dieese (maio 2018)
*Com informações da CUT
Fonte: https://www.brasil247.com/pt/247/economia/354634/CUT-bate-em-Temer-e-Dieese-exp%C3%B5e-fracasso-do-golpe-economia-n%C3%A3o-tem-um-%C3%BAnico-indicador-positivo.htm