Parlamentares cobram Itamaraty por frases racistas e ataques a Lula e MST

Postado em 16 de julho de 2020

Foto: Antonio Kanova/Brasil de Fato

Um grupo de 31 parlamentares protocolou nesta quarta (15) um pedido de explicações ao ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) sobre material didático distribuído no exterior que continha frases de caráter racista e com ataques explícitos ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Carregado de sentenças com juízo de valor de caráter político, social e racial, o material foi disponibilizado pelo Itamaraty para ser utilizado em cursos de língua portuguesa no exterior por meio da Rede Brasil Cultura

O material foi retirado do ar na terça (14) após ser divulgado pela jornalista Júlia Dolce, da Agência Pública, com base na denúncia de uma professora.

No pedido feito pelo deputado Valmir Assunção (PT-BA), os parlamentares cobram do Itamaraty uma série de esclarecimentos, como quem recebeu o material, quem se responsabiliza por ele, quantos exemplares foram distribuidos, para quem, onde e qual a explicação para o ministério das Relações Exteriores disseminar informações falsas ou preconceituosas. Leia ao fim da matéria a íntegra do documento e quem o assinou.

Racismo

Em um exercício feito para praticar a conjugação do verbo “ficar”, pede-se a complementação da seguinte sentença: “Se ela alisasse o cabelo, ela () mais bonita”, em claro tom racista.

Ataques

Em outro caso, faz uma menção explícita ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ao pedir a conjugação dos verbos “apropriar” e “conseguir”: “Se o MST se () de nossas terras, nunca mais () reavê-las”.

Em outra sentença utilizada como modelo, a apostila faz menção ao ex-presidente Lula: “Se eu soubesse que o Lula seria tão corrupto e se envolveria com o mensalão, eu não teria votado nele”. Em outro caso, pede-se a conjugação do verbo “haver” em uma sentença que condena o aborto: “Se as mulheres não abortassem, não () tantas clínicas de aborto clandestinas”.

A apostila foi elaborada por Airamaia Chapina, professora e dona de uma escola de idiomas em São Paulo. Ao jornal O Globo, ela afirmou que o material é da década passada e nega que tenha sido elaborado com motivações políticas.

As 12 explicações cobradas são:

1) A qual programa é vinculado a produção de apostilas distribuídas aos Centros
Culturais Brasil no exterior? Quem coordena?

2) Quais locais recebem as apostilas? E em quais países essas apostilas circulam?

3) Por quais profissionais essas apostilas são produzidas e editadas?

4) Qual referencial teórico utilizado para a produção do conteúdo dessas apostilas?

5) Quem revisa o conteúdo distribuído aos Centros Culturais Brasil no exterior?

6) Qual o valor para a produção de cada apostila distribuída pelo Ministério das
Relações Exteriores?

7) Quantas apostilas foram distribuídas até o momento? Por favor, pode enviar a íntegra
delas ao Parlamento?

8) Quem autoriza a distribuição destas apostilas?

9) Quem aplica as aulas utilizando estes materiais?

10) Segundo notícias veiculadas pela imprensa1, uma das apostilas contém frases a exemplo: “Se o MST se apropriar das nossas terras, nunca mais conseguiremos reavê-las”; ou “Se eu soubesse que o Lula seria tão corrupto e se envolveria com o Mensalão, eu não teria votado nele”; ou “A Argentina empobreceu durante a última década”; ou “Se ela alisasse o cabelo, ela ficaria mais bonita”, ou “Se as mulheres não abortassem não haveriam tantas clínicas de aborto clandestinas”. Qual a explicação para a divulgação de Fake News e/ou desinformações em material distribuído pelo Ministério das Relações Exteriores?

11) Há outros materiais com conteúdo semelhante? Quais? Para quem foi distribuído?
Quem autorizou a distribuição?

12) Quais países receberam a apostila com as frases citadas na pergunta número 10?

Assinam o pedido:

Valmir Assunção (PT-BA), Airton Faleiro (PT-PA), Rogério Correia (PT-MG), Pedro Uczai (PT-SC), João Daniel (PT-SE), Carlos Veras (PT-PE), Beto Faro (PT-PA), Patrus Ananias (PT-MG), Zé Carlos (PT-MA), Paulo Teixeira (PT-SP), Marcon (PT-RS), Erika Kokay (PT-DF), Padre João (PT-MG), Afonso Florence (PT-BA), Paulão (PT-AL), Margarida Salomão (PT-MG), José Guimarães (PT-CE), Benedita da Silva (PT-RJ), Enio Verri (PT-PR), Natália Bonavides (PT-RN), Paulo Pimenta (PT/RS), Jorge Solla (PT-BA),Alencar Santana Braga (PT-SP), Célio Moura (PT-TO), Nilto Tatto (PT-SP), Vander Loubet (PT-MS), Professora Rosa Neide (PT-MT), Luizianne Lins (PT-CE), Vicentinho (PT-SP), Frei Anastacio Ribeiro (PT-PB) e Rui Falcão (PT-SP).

Por Brasil de Fato

Fonte: https://ptnacamara.org.br/portal/2020/07/16/parlamentares-cobram-itamaraty-por-frases-racistas-e-ataques-a-lula-e-mst/

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

nove − nove =

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.